Medicina Antroposófica

A Medicina Antroposófica foi fundada, no século XX, pelo filósofo austríaco Rudolf Steiner e pela médica Ita Wegman. A prática reconhece métodos das ciências naturais, como a medicina e a psicologia tradicionais, mas busca compreender o homem considerando-o um ser físico, anímico e espiritual. A Antroposofia é reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina. O Ministério da Saúde aprova o "observatório" das experiências de Medicina Antroposófica junto ao Sistema Único de Saúde (SUS).

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NATAL- UM NOVO NASCIMENTO


É o que a Clinica Antroposófica Integrada deseja a todos: um novo nascimento!
Reconhecemos a cura como um caminho de transformação interior e um encontro verdadeiro com o Amor.
O caminho fazemos aquele que o Mestre nos ensina e sugiro a meditação das doze noites santas como uma oportunidade para este encontro.
Apenas leia e permita que o som das palavras façam o seu papel, depois anotem os sonhos ou os fatos que aconteceram nos dias que seguiram a reflexão.

Desejo a todos um novo nascimento!

Dra.Tânia Helena Alvares

AS DOZE NOITES SANTAS


É o assim denominado período que vai do Natal até o dia de Reis quando, segundo a antiga tradição cristã, bênçãos divinas se derramam sobre nós através dos portais das 12 constelações do Zodíaco, o cinturão de estrelas em volta do espaço sideral no qual existimos.
As 12 badaladas da meia noite do Natal anunciam a vigília que é um preparo espiritual como se as Noites Santas fossem uma prévia dos 12 meses do ano que se inicia. As virtudes recebidas das hierarquias espirituais nesta época através da meditação injetam suas forças no nosso desenvolvimento espiritual ao longo do novo ano. Uma atenção especial deveria ser dada aos sonhos como mensageiros do espírito.

A tradição das 12 Noites Santas e o Zodíaco
Podemos associar esta tradição à sabedoria antiga do Oriente através do relato da Jornada dos Reis Magos do Evangelho de Mateus. 2.2 a 10
Na noite em que nasceu o Salvador uma estrela se iluminou e este era o sinal há muito esperado pelos Iniciados do Oriente que durante 12 noites seguintes seguiram o brilho da estrela que os precedia até alcançar a criança que havia sido anunciada como o Messias.
O relato do Evangelho de Mateus nos remete para os mistérios espirituais da antiguidade etapa do desenvolvimento da humanidade da época do assentamento na região do Mediterrâneo quando aqueles que eram iniciados desenvolviam a visão clarividente através da qual o que hoje é considerado pela astronomia como corpos siderais eram vistos por eles como a manifestação de seres espirituais em atividade constante e transmutação contínua. A este antigo estado de consciência clarividente está associado o surgimento da astrologia, esta sabedoria baseada na analogia do movimento e posição dos astros com o destino humano. Ao fazermos a vigília das Noites Santas podemos retomar a jornada dos Reis Magos através da ligação interior com este sabedoria a respeito das 12 constelações do Zodíaco.


Quem são os seres que vamos encontrar na jornada das 12 Noites Santas?

Rudolf Steiner refere-se às hierarquias espirituais em muitas de suas palestras. Inicialmente ele lhes dedica um capítulo na Ciência Oculta (1905) descrevendo a atuação delas na evolução do universo e do ser humano.
As nove hierarquias espirituais podem ser contempladas como esculturas no portão sul da Catedral de Chartres desde o século XIII. Chartres foi a mais importante catedral gótica da idade média e neste portão chamado de Portão da Transubstanciação as hierarquias formam uma escada ascendente que representa o ensino espiritual da Escola de Chartres. O aluno deveria de degrau em degrau (gradualmente) adquirir consciência destes seres espirituais que representavam diferentes estados de consciência. Neste aprendizado o pensamento era considerado um instrumento necessário para a percepção do espiritual desde que fosse casado com a vivência dos sentimentos e assim tornavam-se ambos, pensar e sentir, órgãos de compreensão e de participação no mundo espiritual.
Os nomes das hierarquias se originaram de um manuscrito de Dionísio, o Aeropagita que fundou a primeira escola esotérica cristã da antiguidade. Dionísio um iniciado dos antigos centros de mistérios gregos renomeou os seres divinos que era chamados na antiguidade como os seres de Vênus, os seres de Mercúrio,etc. a partir da revelação do Cristo feita a ele por Paulo de Damasco em Atenas.
O manuscrito sobreviveu ao longo de séculos até ir parar em Chartres e é intitulado: Os Nomes Divinos e a Teologia Mística - descrevendo dramaticamente os nove níveis de seres divinos associados em grupos de três hierarquias que participaram da evolução da terra e do ser humano.
A primeira hierarquia inclui os Serafins, Querubins e Tronos que iniciaram a evolução estando tanto no seu início como no seu fim – no Alfa e no Omega,
Eles atuam a partir do divino, da esfera macrocósmica, que é denominada como a esfera do Pai, de Deus, de Alá, do amor divino, da doação cósmica. Eles são seres de um estado evolutivo anterior ao nosso, tão avançados em sua evolução que foram capazes de fazer fluir de si a sua própria substância dando nascimento ao atual estado do nosso sistema solar.
A segunda hierarquia é formada pelos Kyriotetes, Dynamis e os Exusiai. Enquanto no processo de configuração do nosso Cosmos a primeira hierarquia atuou de fora eles de dentro do processo acolheram os planos divinos transformando-os em sabedoria, dando-lhe movimento e forma.
E por último, a terceira hierarquia, os Arqueus, Arcanjos e Anjos, mais próximos ao seu humano porque desenvolveram a sua essência nesta etapa evolutiva em que nós, Anthropos, nos encontramos e na qual estamos destinados a nos tornamos co-criadores da evolução.

Primeira hierarquia
Serafins / Querubins / Tronos
Segunda hierarquia
Kyriotetes /  Dynamis / Exusiai
Terceira hierarquia
Arqueus / Arcanjos /Arqueus


Já nos últimos anos de sua vida, em uma palestra intitulada a Palavra Cósmica e o Homem Individual, (2/05/1923) Rudolf Steiner chama a atenção para o fato de que o homem auto consciente deveria re-aprender a vivenciar as hierarquias como realidade na sua vida interna.
Nessa palestra, ele diz que esses seres espirituais vêm ao nosso encontro quando nos preparamos para conhecê-los e falarão a nossa alma, primeiramente como pensamentos e sentimentos e só então o perceberemos como realidade.
Em um texto intitulado ‘O Zodíaco e as Hierarquias Espirituais’, Sergej Prokofieff, atualmente um dos dirigentes mundiais da Antroposofia, inspirado em diversas palestras de Rudolf Steiner, descreve o ensino espiritual de Chartres, nessa tradição da vigília das 12 noites santas.
Ele delineia a escada de expansão da consciência, que ajuda a dar nascimento ao ser divino em cada um de nós, no último degrau dessa escada.
O primeiro degrau da escada se assenta na esfera humana terrena e cada degrau nos leva gradualmente da esfera macrocósmica à esfera divina.
Prokofieff faz uma analogia entre esse caminho de transformação e o processo de desenvolvimento, descrito por R. Steiner como o caminho de Jesus a Cristo.
Jesus nasce como a criança arquetípica, destinada a se desenvolver como um ser humano de tal forma que possa acolher em si o Eu do Cosmo no Batismo do Jordão. Esse acontecimento místico derramará sua influência sobre toda a história humanidade, como um grande arquétipo de desenvolvimento espiritual.


PRIMEIRA NOITE SANTA (25 de dezembro)

Soam as 12 badaladas da meia noite anunciando o Natal. Vem a aurora, atravessamos o dia, cai a noite e uma luz se acende no céu irradiando um brilho que emana da Constelação de Peixes e ilumina a primeira vigília santa.
Estamos no primeiro degrau da escada que está assentada na esfera humana terrena na dimensão da existência do anthropos – o ser da liberdade.
A liberdade é uma das duas principais forças espirituais que nos foram destinadas a conquistar ao longo da vida. A outra força a conquistar será no final da escada é o amor.
A sabedoria antiga nos conta que foram as forças espirituais de Peixes que configuraram os pés humanos. Quando observamos os pés verificamos que eles são formados em forma de uma abóbada que vai propiciar, simultaneamente com a verticalização da coluna, o andar ereto, primeiro grande aprendizado da vida. Quando criança, nos arrastamos, engatinhamos e finalmente nos erguemos e nos apoiamos nos próprios pés, superando as forças da gravidade. Isso significa uma grande conquista e a condição para o desenvolvimento do pensamento, sendo o pensar o que diferencia o Humano dos outros reinos da natureza.
Ao longo da vida, seguidamente fazemos uma analogia íntima com esse fato:

“Andar com os meus próprios pés, saber por onde ando”, “seguir os meus próprios passos”, “não vou andar nos passos de ninguém”, são expressões que manifestam uma correta relação com a terra e com o destino em termos de liberdade pessoal.

Nessa primeira Noite Santa recebemos da constelação de Peixes os impulsos para se firmar nos próprios pés e se erguer, condições básicas para alcançar a liberdade individual, meta ao qual nos destinamos como seres individualizados.

SEGUNDA NOITE SANTA (26 de dezembro)

Nasce o Sol, atravessamos o segundo dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu, irradiando da Constelação de Aquário o segundo degrau dessa escada espiritual. Desse portal, emanam para nós as forças espirituais dos Anjos.
Os anjos são representados pela figura de um ser que derrama a água, o símbolo da vida e assim eles também são chamados de “Filhos da Vida”.
Eles são os seres espirituais imediatamente superiores a nós, mantendo conosco uma relação próxima. Nós os encontramos logo cedo, no nascimento, quando “parecemos anjos” e nosso corpo vital ainda é muito latente, cheio de vida.
Na infância, ele é chamado de “Anjo da Guarda” e é sempre representado protegendo a criança dos perigos, sendo o seu guia e como guia ele permanece ao longo de toda a nossa vida.

- “Pergunte ao seu anjo da guarda” - freqüentemente escutamos quando estamos em dúvida em relação ao caminho a seguir, que decisão tomar.
Na vida adulta, ele se transforma em nosso Guia Espiritual, nosso verdadeiro Self. “Assim deverás ser” - ele nos fala no íntimo, transmutando continuamente forças vitais em forças de consciência e fazendo surgir nos pensamentos as imagens orientadoras para a nossa vida.
Nessa segunda Noite Santa, recebemos através do Portal da Constelação de Aquário os impulsos dos Anjos para que possamos enxergar e permanecer fieis aos nossos ideais. Os nossos ideais iluminam e protegem o nosso caminho e apontam para onde devemos seguir.

TERCEIRA NOITE SANTA (27 de dezembro)

Atravessamos mais um dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Capricórnio o terceiro degrau nessa escada espiritual e desse portal emanam para nós as forças espirituais dos Arcanjos. Os Arcanjos são denominados de seres da luz. Rudolf Steiner os descreve na Ciência Oculta como aqueles seres que durante a evolução acordaram ao enxergar o seu próprio reflexo no exterior. Quando eles doaram sua própria essência, essa essência era a sua própria luz que se irradiou para os quatro cantos do universo. A luz dos Arcanjos é representada hoje em nós pela nossa inteligência, que se irradia para o meio ambiente e torna consciente para nós e para o mundo a nossa própria existência.
Os Arcanjos se tornaram na evolução guardiões da inteligência cósmica, com a missão de proteger o amor divino contido nessa inteligência que criou e transformou tudo em sabedoria para o bem de todos.
Nessa terceira Noite Santa, recebemos através do Portal da Constelação de Capricórnio, os impulsos dos Arcanjos para o fortalecimento da nossa personalidade, através da expansão da luz e autonomia da nossa inteligência .

QUARTA NOITE SANTA (28 de dezembro)
Atravessamos mais um dia, cai a noite e uma nova luz brilha no céu irradiando da Constelação de Sagitário, de onde emanam as forças espirituais dos Arqueus, os Seres da Personalidade. Isso significa que eles não só possuem um Eu como sabem que o possuem e através dessa consciência intensificada, eles criam uma imagem de si no exterior. Os Arqueus projetam no exterior a força de sua luta interna, que é a própria luta do centauro, do ser humano emancipado por um lado, na sua inteligência, mas por outro lado, em luta constante para superar suas forças animalescas, seus instintos selvagens, suas forças egoísticas.
Os Arqueus são considerados os Espíritos do Tempo, porque essa luta é a própria luta do desenvolvimento humano da nossa época, abrangendo algo que ultrapassa todas as etnias e se torna uma influência cultural na nossa civilização.
Agora, a tarefa anterior dos Arcanjos, que era proteger a sabedoria cósmica das intenções egoístas, é ampliada pelos Arqueus, estando expressa no desafio da nossa civilização moderna, na luta entre o materialismo exacerbado e a preservação dos recursos naturais.

No portal sul da Catedral de Chartres, a escultura de Michael preside as 3 hierarquias. Rudolf Steiner, constantemente se refere a ele como o Regente dessa nossa Época, com a missão de dominar o dragão, o ser mítico em cuja forma está representado o nosso intelecto e onde a sabedoria cósmica foi apropriada, através da compreensão das leis e através da ciência natural e precisa ser colocada no mundo de forma mais ampla para o bem de todos. Tanto no aspecto pessoal de construção da personalidade, como nesse aspecto temporal, essa luta representa um cair e levantar constantes.
Nessa quarta Noite Santa, recebemos através do Portal do Sagitário os impulsos espirituais dos Arqueus, para o fortalecimento da personalidade, de forma que tenhamos forças de estabelecer e sustentar impulsos mais abrangentes na nossa vida, que nos orientem para o futuro e que contenham metas espirituais para a nossa existência.

QUINTA NOITE SANTA (29 de dezembro)
Nasce de novo o sol, atravessamos um novo dia e cai a noite e uma nova estrela brilha no céu, irradiando da Constelação de Escorpião, através do qual emanam as forças espirituais dos Exusiai, os Seres da Forma. Agora atingimos o âmbito da segunda hierarquia. Eles também foram seres de um estado evolutivo anteriores, tão avançados em sua evolução que podem acolher os planos divinos e torná-los manifestos, de forma que haja uma concordância entre a esfera macróscomica da consciência cósmica e o nosso sistema solar que é uma expressão microcósmica, onde a nossa existência humana está inserida, onde a biografia humana transcorre.
Os Exusiai estão envolvidos nos processos de criação de um novo ser, na transformação de uma forma em outra, na metamorfose constante da substância.
Na Bíblia, eles são chamados de Elohins e no corpo humano as forças de Escorpião configuraram os genitais, a partir dos quais é possível a procriação, ou seja, a criação de um novo ser físico.
Estamos no âmbito das forças sexuais, que são as forças que oscilam tanto para o egoísmo mais absoluto, aquilo que pode ser caracterizado como o mal, porque ao oferecer a possibilidade da maior satisfação imediata podem subjugar o humano ao nível do animalesco. Mas que também trazem uma das maiores possibilidades para a superação do egoísmo e transcendência de forças. Se em Sagitário tínhamos a imagem de um cair e levantar constantes, entre o animalesco e o humano, aqui temos a imagem de uma luta na nossa vida interior entre a morte e a ressurreição. E essa é uma luta que ocorre em âmbito muito individual, onde em liberdade oscilamos entre as sombras que obscurecem o nosso ser, os esconderijos onde vive o Escorpião venenoso e as forças de expansão do ser representadas pela águia que se eleva às alturas e de lá contempla o Todo.
O Escorpião é então o signo das forças duplas, tanto destrutivas, retrógradas, que mudam constantemente de aparência e invadem a nossa alma, tornando a vida um caos, como também é portador de forças construtivas, que tem a ver com transmutação constante e a contínua superação para que a substância divina, o Espírito possa ser plasmado de novo e sempre em nós. No apocalipse, essa característica de forças duplas é apresentada como a espada de dois gumes.
Nessa quinta Noite Santa, recebemos através do portal de Escorpião, os impulsos espirituais dos Exusiai para aceitar por um lado as nossas fraquezas e por outro lado recebemos impulsos espirituais para a superação e transformação destas forças.

SEXTA NOITE SANTA (30 de dezembro)
Temos o nascer do sol, a passagem de mais um dia e o cair da sexta Noite Santa. Uma nova estrela brilha no céu, irradiando da Constelação de Balança o portal através do qual emanam as forças espirituais dos Dynamis, os Seres do Movimento. Continuamos no âmbito da segunda hierarquia. Na evolução, os Dynamis acordaram ao perceber o que estava ocorrendo em volta deles e atuaram criando um equilíbrio dinâmico, uma correta relação, uma permanente reciprocidade entre as coisas. Estar em desequilíbrio significa estar separado, não estar inserido na unicidade de todas as coisas. Suas forças configuraram a bacia que é responsável pelo equilíbrio no manter-se ereto.
No trabalho biográfico, estudamos a expressão da Balança, por volta dos 28 anos, que é o marco de mudanças entre as forças do passado, que nos carregaram até aí e as forças do futuro, que trazem a possibilidade de uma nova expressão da nossa individualidade, através da nossa capacidade de transformar a herança da educação herdada. Os Dynamis nos oferecem a possibilidade de colocar as influências do passado e as possibilidades do futuro, o dentro e o fora, os processos de fusão e de separação em uma correta relação de reciprocidade, em um equilíbrio dinâmico. .
Na sexta Noite Santa, através do portal da Balança, recebemos dos Dynamis os impulsos espirituais para desenvolver o equilíbrio interior e conseguir conter as forças de dispersão para se ter uma vida coerente e harmoniosa.

SÉTIMA NOITE SANTA (31 de dezembro)
De novo temos o nascer do sol que anuncia o novo dia e no final deste, o cair da noite. Uma nova estrela brilha no céu emanando luz da Constelação da Virgem, o portal do qual emanam as forças dos Kyriotetes os Seres da Sabedoria. Na evolução, eles acordaram ao perceber a existência de outros seres, para os quais criaram então o espaço do acolhimento. Estamos ainda no âmbito da segunda hierarquia, que acolhem e realizam os planos divinos.
As forças do Signo da Virgem configuraram o ventre que é um aspecto físico do feminino e que pode receber e gerar outro ser. A alma, a nossa vida interna também tem essa qualidade do feminino, de levar para dentro, de acolher no íntimo e de guardar a nossa essência, o nosso Eu. A Virgem é a imagem terrestre da Alma cósmica, a Sofia, e ela é considerada virgem porque corresponde a um aspecto de nossa alma que permanece intocada pelas necessidades terrestres e pode então acolher e gerar o Espírito individualizado em nós. Isso significa um estado de entrega e doação constantes, de cortesia e polidez.
Na sétima Noite Santa, através do portal da Virgem, recebemos os impulsos espirituais dos Kyriotetets, que é a capacidade de criar o espaço para algo novo ser gestado no íntimo e de encontrar forças, a partir do seu próprio interior para fazer desabrochar a sua vida.

OITAVA NOITE SANTA (1 de janeiro)
Nasce um novo Sol, atravessamos mais um dia e vem o cair da noite. Uma nova estrela brilha no céu emanando luz da Constelação de Leão, o portal do qual emanam as forças dos Tronos, os Seres da Vontade. Alcançamos a primeira hierarquia, de seres espirituais muito evoluídos, que manifestam as intenções divinas, atuando da esfera macrocósmica para dentro do nosso sistema solar.
Na evolução, os Tronos eram seres tão conscientes de si, que seu querer era sua própria substância e esse querer era tão exaltado que esses seres produziam calor e doavam sua própria substância.
As forças de Leão configuraram o coração humano e os dirigentes da antiguidade e os reis da Idade Média associavam sua realeza com esse signo, que era relacionado com a coragem e a prontidão de realizar no exterior o que é determinado a partir de dentro: a voz do coração.
Na oitava Noite Santa, a partir do portal do Leão, recebemos os impulsos de entusiasmo e coragem para enfrentar as provas que o destino nos traz.

NONA NOITE SANTA (2 de janeiro)
De novo sai o Sol, atravessamos um novo dia e vem o cair da noite. Uma estrela brilha no céu emanando o seu brilho da Constelação de Câncer, o portal do qual emanam as forças espirituais dos Querubins, os Seres da Harmonia. Foi a ação dos Querubins no início da evolução que criou o cinturão protetor de estrelas em volta do nosso sistema, separando-o da totalidade macrocósmica.
Essa ação está expressa na própria configuração do tórax: as forças de Câncer configuram os doze pares de costela, o invólucro protetor físico do coração, o órgão da vida.
Os Querubins trazem o impulso para que as transições de um ciclo para outro ocorram de forma harmoniosa. Eles atuam na forma da espiral, cujas forças vêm do ciclo anterior, criam um invólucro e se direcionam para o próximo ciclo – em uma seqüência repetitiva, harmoniosa. Podemos observar essas espirais cósmicas também em ciclos menores da natureza. São os Querubins que cuidam, por exemplo, que a semente do outono renasça como uma nova planta na primavera.
Na biografia, encontramos também essas transições no nosso desenvolvimento, que às vezes se apresentam de forma dramática, como crises .
Na nona Noite Santa, através do portal de Câncer, recebemos os impulsos espirituais dos Querubins que nos trazem força para nos harmonizarmos com o novo e cria aconchego para que os momentos de transição ocorram de forma harmoniosa.

DÉCIMA NOITE SANTA (3 de janeiro)
De novo sai o sol, atravessamos um novo dia e vem o cair da noite. Uma estrela brilha no céu emanando seu brilho da Constelação de Gêmeos, o portal através do qual emanam as forças espirituais dos Serafins, os Seres do Amor. Amor que não está mais assentado nos laços físicos, nos laços da paixão, mas em laços espirituais. O amor fraterno.
Os gregos têm um mito através do qual podemos saber do que se trata.
O mito do Castor e do Polydeukes, irmãos que eram filhos da mesma mãe com pais diferentes, sendo que Castor era mortal e o Polydeukes imortal. Ocorreu que Castor morreu e o seu irmão foi até Zeus e pediu que a sua imortalidade fosse retirada e concedida a Castor. Zeus comovido tornou-os ambos imortais e os colocou no céu na forma de uma constelação. Ou seja, elevou-os a condição macrocósmica e o que os tornou imortais não foram os laços de sangue, mas o abrir mão de si que resultou numa forma ainda mais elevada de amor.
No Evangelho, temos a sentença dessa forma de amor: “Onde dois estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles” – ou seja, abre-se mão do próprio Eu e ganha-se um outro Eu que é eterno.
A fraternidade é o impulso mais poderoso para a vida social, porque ela pode quebrar as barreiras de status, de etnia e de crenças.
Na décima Noite Santa, através do portal de Gêmeos, os impulsos espirituais dos Serafins ajudam a vencer a barreira do individualismo e da solidão.


DÉCIMA PRIMEIRA NOITE (4 de janeiro)
De novo vem o Sol e um novo dia e ao cair da noite uma estrela brilha no céu emanando seu brilho da Constelação de Touro, portal por onde adentra à esfera do Zodíaco, vindo das regiões macrocósmicas, o sopro do espírito.
Se lembrarmos dos Reis Magos, estava próximo o lugar onde se encontrava a criança e iluminando a noite o brilho da estrela que os precedia ampliava a dimensão do deserto. A alma se elevou tocando outra dimensão que não é terrena e o Espírito Santo adentra a dimensão humana manifestada no Batismo de João sob a forma de uma pomba.
É uma noite de grande expansão da alma, os horizontes se ampliam e a nossa alma pode se elevar a um estado anímico cósmico alcançando a dimensão da alma do Cosmos, da Sofia divina e sentir a presença do espírito. No Antigo Egito, isso era representado nas esculturas que portavam os chifres do Touro com o espaço entre eles preenchido por um disco solar coroando a cabeça do faraó, considerado o descendente direto de Deus.
Foram as forças do Touro que configuraram a laringe, o órgão da fala, que segundo Steiner está em transformação e que nos estágios evolutivos futuros do ser humano a palavra terá de novo a força plasmadora referida nas Gênesis de todas as religiões. No princípio era o verbo e o verbo estava em Deus. A palavra será como uma lança sagrada de expressão do amor divino.
Na décima primeira Noite Santa, através do portal do Touro, o Espírito Santo emana a plenitude do amor divino inspirada como persistência em relação ao que se pretende alcançar.

DÉCIMA SEGUNDA NOITE (5 de janeiro)
Um novo Sol e um novo dia e no cair da última noite dessa ascensão, através das hierarquias espirituais alcançamos o último degrau dessa escada, que já nos transportou para as fronteiras do universo.
Esse é o portal por onde o filho de Deus, o Eu Cósmico adentrou da esfera macrocósmica, da esfera do Brama, Javé, de Alá, da esfera do Divino para a nossa existência. Através desse portal ressoa no nosso cosmos, vindo das regiões macrocósmicas, além do zodíaco, a voz do Pai.
- “Este é o meu filho muito amado, hoje eu o engendrei.”
Como um eco longínquo é feito o Reconhecimento, a síntese de todo o caminho unindo o Natal ao Batismo. O Natal, como o nascimento da criança natural e o Batismo como o posterior nascimento da criança divina. O Cristo como uma luz brilhando no interior, como um Sol interno na alma livre e plenamente consciente.
A voz de Deus é a voz da consciência humana que eleva o Eu de uma condição terrena, inferior, a uma condição cósmica, superior, trazendo para o ser humano a possibilidade de se tornar o ser da liberdade e do amor – a décima hierarquia espiritual .



Texto elaborado por Edna Andrade

O texto pode ser reproduzido desde que citada a autoria.

Bibliografia

A Ciência Oculta – R. Steiner – Ed. Amtroposófica

O Zodíaco e as Hierarquias Espirituais – Sergei Procoffiev

The Golden Age of Chartres – René Querido – Floris Books


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